O blog Girbrasil publicou o teor de uma carta que a AMCGIL enviou à ABCZ. Sobre essa carta, gostaria de fazer as seguintes observações:
Algumas das reivindicações contidas nessa carta representam a disposição de alguns criadores em extinguir, de fato, com a raça Gir, no Brasil.
As propostas relacionadas ao caso Radar dos Poções e ao banco de DNA são oportunas e coerentes.
No parágrafo dedicado ao tema “COBRIÇÃO”, Lê-se “... na suposição de que os criadores não realizam seu trabalho de seleção com seriedade e verdade...” Nesse caso não se trata de suposição e sim de CONSTATAÇÃO. Se não houvesse tal constatação não haveria a necessidade da presença dos técnicos responsáveis pelo controlo leiteiro (ABCZ) nas propriedades (por exemplo). A boa fé, que é presumida, conforme o art. 54 da Lei 9.784/99, deve ser observada amplamente e não apenas em casos específicos (interesses particulares), não é verdade? Aqui há uma CONTRADIÇÃO.
Será que sem a presença dos técnicos nas propriedades, as vacas da raça Gir já teriam ultrapassado a barreira dos 25.000KG/leite em 405 dias?
Onde estão os (as) filhos (as) melhores que os pais (frases exaustivamente repetidas durante a realização de leilões da raça Gir) que não conseguem produções próximas de seus pais (mães - 18.126 KG, etc.).
Qual é o motivo pelo qual só agora se preocupam com a ausência dos técnicos?
A mesma lógica se aplicaria às comunicações (CDC, CDN, CDM, etc.) Se não houvesse fraudes, o criador poderia comunicar apenas o nascimento, informando as características e o pedigree do produto. “... está na contra mão ambiental...” Vamos refletir! A impressão das “CDCs” causa prejuízo ambiental muito maior que a utilização de seringas descartáveis de hormônios (até 08 doses/mês por animal), além de frascos de tantos outros produtos que são utilizados diariamente por uma grande maioria de criadores que utilizam o serviço do Controle Leiteiro (ABCZ).
Mas, a verdadeira PIADA é: “... rigor excessivo na verificação dos caracteres...”
Sou associado da ABCZ e não recebi, até o momento, um novo “manual” que trouxesse significativas mudanças quanto ao padrão racial do Gir. Portanto, imagino que tais reclamações estão baseadas, justamente, no comportamento dos técnicos registradores da ABCZ. Suponho ainda, que um possível maior rigor por parte dos técnicos, em relação aos “caracteres” seja o cumprimento de orientações que os mesmos receberam de seus “superiores”, especialmente depois do episódio “Curiosa Dsil”. Devemos lembrar que a Curiosa é apenas mais um num universo de centenas de animais registrados na categoria PO da raça Gir, que possuem características que se enquadram, PERFEITAMENTE, na categoria ¼ da Girolanda.
O SEJ Jonhsson apresentou uma proposta de abertura de livros para registro de animais mestiços (com sangue da raça Gir): ½, ¾, 7/8, 15/16, etc., de forma que aumentando o grau de “sangue Gir”, ao final, chegar-se-ia ao PC / LA, enfim, Gir por absorção.
Talvez essa proposta seja a solução para o caso em questão. Assim, no futuro, teríamos a raça Gir PO, com parâmetros estabelecidos quanto ao padrão racial e, os seus derivados. Cada indivíduo “derivado” seria enquadrado no grau de sangue pertinente ao seu perfil fenotípico, sendo o seu genótipo, ignorado (somente) quanto ao enquadramento nas diversas categorias (grau de sangue da raça Gir).
“... diminuindo a base genética e afastando novos interessados...” Fica EXPLÍCITO, que o único objetivo desses criadores, é a obtenção de grandes lucros e que a banalizada frase “ eu sou apaixonado pelo Gir” é mais DEMAGÓGICA do que nunca.
A “base genética” poderia ser maior se, por exemplo, o “gado EVA” não tivesse sofrido um verdadeiro massacre por parte de criadores que “disputavam mercado”. A pergunta continua sem resposta: Qual é o prejuízo causado pelas placas de despigmentação na produção?
Outra grande opção é a utilização do Gir Leiteiro Alternativo, assim que os resultados dos testes forem divulgados, no caso dos machos. As fêmeas já estão sendo avaliadas quanto à produção de leite e os resultados são excelentes, com produções superando 11.500 KG/leite em 365 dias (máximo) e acima de 5.000KG, em média.
Propor a flexibilização das “regras quanto aos caracteres” significa avanço no processo de crescimento de uma RAÇA?
E a ASSOGIR, será que vai continuar no estado de INÉRCIA?
Abraços,
Ramilton Javiktson da Silva Rosa
Estância Prisma – Edealina – GO.
Um comentário:
Faço a seguinte correção: Citei, erroneamente, o art. 54 da Lei 9.784/99. Favor desconsider referido trecho.
Abraços.
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