Depois de ver a postagem sobre o touro C. A. Paladino, feita pelo amigo Rodirgo Simões, comecei a refletir sobre alguns aspectos do mercado atual do gir. Como se sabe, o touro em questão, apesar de ser oriundo de um criatório pilar do "gir leiteiro", é filho de vaca "gir padrão".
Atualmente, o acasalamento entre leiteiro e padrão em um grande criatório de gir leiteiro não é praticado de maneira alguma, pois os criadores de gir leiteiro definem os acasalamentos de seus rebanhos exclusivamente com base nos resultados dos testes de progênie. Naturalmente, de acordo com os princípios defendidos pelos criadores de gir leiteiros, faz sentido a não utilização de touros não provados. Por outro lado, não parece nada sensato que os rebanhos leiteiros se fechem para matrizes padrão comprovadamente leiteiras. No caso dos touros, a aptidão leiteira leva vários anos para ser comprovada cientificamente, mas para uma matriz basta o controle de uma lactação. Assim, qual seria o fundamento lógico para que várias matrizes de 8, 9 ou 10 mil kg de leite da Cal, C.A. ou Brasília sejam vendidas a 300 ou 400 mil reais enquanto uma ou outra vaca ZS, Bi ou Bey com a mesma produção não atinja sequer 100 mil? Sem falar que no geral a média de preço do gir padrão deve estar entre 10 e 20% do leiteiro. Ora, se o fator determinante é a produtividade, vacas de lactação semelhante deveriam ter mais ou menos o mesmo valor. Isso é mais do que óbvio. No entanto, a realidade é outra.
Atualmente, o acasalamento entre leiteiro e padrão em um grande criatório de gir leiteiro não é praticado de maneira alguma, pois os criadores de gir leiteiro definem os acasalamentos de seus rebanhos exclusivamente com base nos resultados dos testes de progênie. Naturalmente, de acordo com os princípios defendidos pelos criadores de gir leiteiros, faz sentido a não utilização de touros não provados. Por outro lado, não parece nada sensato que os rebanhos leiteiros se fechem para matrizes padrão comprovadamente leiteiras. No caso dos touros, a aptidão leiteira leva vários anos para ser comprovada cientificamente, mas para uma matriz basta o controle de uma lactação. Assim, qual seria o fundamento lógico para que várias matrizes de 8, 9 ou 10 mil kg de leite da Cal, C.A. ou Brasília sejam vendidas a 300 ou 400 mil reais enquanto uma ou outra vaca ZS, Bi ou Bey com a mesma produção não atinja sequer 100 mil? Sem falar que no geral a média de preço do gir padrão deve estar entre 10 e 20% do leiteiro. Ora, se o fator determinante é a produtividade, vacas de lactação semelhante deveriam ter mais ou menos o mesmo valor. Isso é mais do que óbvio. No entanto, a realidade é outra.
O fato notório é que no mercado, principalmente nos leilões, somente os animais descendentes dos tradicionais criatórios de gir leiteiro atingem os valores exorbitantes. A explicação para essa situação não pode ser obtida pelo conhecimento zootécnico, pois se trata de um quadro a que a ciência econômica dá o nome de monopólio ou, para ser mais preciso, oligopólio.
Ao que parece, os grandes investidores da raça gir estão tomados pela convicção de que somente tais criatórios produzem animais realmente leiteiros. Não irei aqui repetir as já conhecidas críticas ao marketing do gir leiteiro. Críticas à parte, seus criadores sabem vender seu produto com muita eficiência: mais do que nunca vemos que a propaganda é a alma do negócio.
Ciente disso, está mais do que evidente que a simples estratégia da crítica não contribui em absolutamente nada para a recuperação do gir padrão. Eis que se coloca para os criadores de gir padrão o grande dilema: de que maneira quebrar o oligopólio leiteiro? Sem dúvida, a melhor maneira de superar essa distorção mercadológica é atacando a falsa premissa que levou a sua consolidação, qual seja, a de que somente produzem leite os animais dos tradicionais criatórios de gir leiteiro. Por sua vez, a superação dessa ilusão só é possível com a demonstração de que também existe gir leiteiro nos plantéis gir padrão! Obviamente, aqueles que já lucraram e ainda lucram milhões com esse oligopólio todos os anos jamais terão interesse em seu fim. Dessa forma, somente a reação dos maiores prejudicados por tal oligopólio poderá lhe dar um fim.
De maneira alguma essa reação significaria o abandono do padrão racial do gir, pelo contrário, pois este deverá ser sempre considerado. No entanto, a aptidão leiteira não pode mais ser tratada como "obra do acaso", já que é hoje o fator crucial para o mercado. Uma vez comprovado e divulgado o potencial leiteiro do gir padrão, o fator racial seria o atrativo a mais para o mercado. Nesse exato momento, a caracterização, a rusticidade, o porte etc. levariam os adeptos do gir padrão à "virada" no mercado.
Por essa razão, é preciso deixar de lado os antigos preconceitos em relação à provas zootécnicas, pois somente a utilização dessa ferramenta poderá levar ao fim de aberração que existe no mercado atual do gir. E que essa distorção seja superada o quanto antes para o bem da raça que em breve sentirá os efeitos da consanguinidade imposta pelo oligopólio.
5 comentários:
Prezado Andre Pinheiro,
As colocações que você faz,são
poucas as pessoas que questionam.
Porque? Simplesmente, porque querem
estar inseridas no contexto, e se
possível, ganhar dinheiro. Ninguem
discute onde está o criador, se na
na região norte, nordeste, sul,ou
se o clima é propício à criação de
gir, o negocio é vender.Quando comprei semen do Gameta, com PTAL de 130, do Paladino com PTAL de 180, e do Benfeitor com PTAL de 237, eram os melhores touros com TP provados. Como fica hoje estes touros perto do CA Sansão, do Paraíso e do Radar? São micos?
Quem vai vender hoje uma filha do Gameta em leilão? Preço de 1/2
sangue? E amanhã, qual será o touro
da vez?
São perguntas que voce e eu faremos
sempre.
Euclides/Estancia do Gir
Muito bom André, servirá como reflexão, acredito eu,para muitos.
Matrizes produtivas das linhagens consideradas Padrão terão um papel de suma importancia no Gir Leiteiro, de duas maneiras: refrescamento de sangue e ganho em caracterização.
Rodrigo , desculpe . mas acho que o gir padrão é muito maior eoferece muito mais coisas que simplismente ser opção de linhagen e/ou melhoria do padrão racial.A raça gir padrão não pode se submeter a esmolas comerciais do gir leiteiro , acho isso um erro basico .
Grande Abraço
José Augusto Barros
Zé Augusto,
Primeiramente não considero Gir Padrão uma raça e Gir Leiteiro outra. Considero que Gir só existe um sendo a aptidão leite selecionada de um forma e de outro lado o foco é o padrão racial somado ao tipo frigorifico... bem, acho que, pelo fato de os criadores selecionadores de gado Gir para leite não terem se preocupado com a qualidade racial do gado e o mercado estar cheio destes individuos, o gado de melhor padrão racial e origem pode em muito acrescentar para melhorar esta vertente da raça. É claro, que seu papel não seria somente este e sim, mais este.
Zé Augusto,
Primeiramente não considero Gir Padrão uma raça e Gir Leiteiro outra. Considero que Gir só existe um sendo a aptidão leite selecionada de um forma e de outro lado o foco é o padrão racial somado ao tipo frigorifico... bem, acho que, pelo fato de os criadores selecionadores de gado Gir para leite não terem se preocupado com a qualidade racial do gado e o mercado estar cheio destes individuos, o gado de melhor padrão racial e origem pode em muito acrescentar para melhorar esta vertente da raça. É claro, que seu papel não seria somente este e sim, mais este.
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