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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pergunta do dia

Considerando o uso dos hormônios aplicáveis (BST, Lactotropin) na pecuária leiteira, pergunto: qual é o motivo do preconceito de alguns quando uma lactação é aferida com a utilização destes hormônios, se os próprios produtores de leite os utilizam?

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5 comentários:

prisma disse...

O uso dessas substâncias écomum em todas as raças. No caso específico do Gir, diante dos resultados obtidos até o momento pelo "Gir Leiteiro", considero ser indispensável, o uso restrito em algumas matrizes de linhagens alternativas (Gir Padrão)para que possamos avaliar qual é o limite potencial leiteiro das mesmas, em condições similares às demais. Por outro lado, mesmo que essas substâncias não representem riscos à saúde humana, elas sugerem, no imaginário "popular", artificialismo. Considerando que há uma grande tendência mundial (cultural) de valorização de produtos "naturais", entendo ser prudente ocuparmos esse "nicho", promovendo um manejo "Alternativo" em nossas matrizes (maioria).Essa é uma opção pessoal (decisão recente), respeitando as outras.
Daí, essas substâncias proporcionarem lacatações acima de 18.000KG no Gir, é outra coisa. Abraços.

Gir das Paineiras disse...

É uma ótima pergunta. É sabido por todos que o bST aumenta em 20% e as vezes mais o leite das vacas, também já esta provado que o uso deste hormônio no momento certo melhora também a parte reprodutiva da res, e no meu entender não tem problema nenhum usar este tipo de ferramenta se a finalidade da fazenda é única e exclusivamente a produção de leite, porque digo isso, pois o bST pode mascarar a seleção animal de quem vende genética, podemos selecionar animais que respondem melhor ao hormônio e não animais que transformam melhor capim em leite e acabar vendendo gato por lebre. Outra coisa que me preocupa é a meia-bomba, que seria animais que ficam no meio do caminho, com uma lactação muito boa se estiverem criados a pasto ou muito ruim se tiverem no cocho e sendo turbinados, por isso a lactação de 6 – 7.000kg me deixa com o pé atrás, agora se os criadores fossem obrigados a dizer se deram bST ou não, certamente seria uma grande ajuda ao Gir como um todo.

Abraços

Zé Eduardo

rafael disse...

A somatotropina liga-se ao fígado estimulando a produção de IGF-1
permitindo que as células produtoras de leite utilizem os nutrientes para produzir
leite. Com níveis mais altos de IGF-1 no sangue as células produtoras de leite
utilizam mais nutrientes e, portanto, há uma maior produção de leite. A
somatotropina recombinante bovina suplementa a produção natural de
somatotropina endógena com ação idêntica .
A utilização de somatotropina para aumentar a produção de leite, é sem
dúvida uma ferramenta muito útil na pecuária leiteira. No entanto deve ser usada
com cautela e bom senso, pois ela aumenta a eficiência de utilização de alimentos,direciona os nutrientes ingeridos pela vaca para a glândula mamária, mantém o pico de lactação por mais tempo.Os animais tratados com somatotropina devem receber uma alimentação diferenciada, semelhante a animais de alto potencial de produção, assim como um excelente manejo, pois o que é uma ferramenta útil pode se tornar perigosa se não for usada corretamente ( relação custo benefício ) . Todos os trabalhos publicados , lendo rapidamente mesmo pela internet , relatam o uso do hormônio em raças tipicamente de produção leiteira exclusiva ( holandesa , ou mestiças – girolandas ) . Não há de acordo com a maioria das fontes de pesquisa efeitos nocivos á saúde humana , sendo o uso do hormônio aceito em alguns países e seguro conforme estes trabalhos publicados . Conforme já citado , a ação do hormônio é idêntica ao endógeno , mas sua utilização é obviamente artificial , se fosse exclusivamente natural , todos os animais produziriam – no em altas concentrações e em longa duração , não significa por isso que não seja útil , pelo contrário , os resultados em rebanhos excelentemente manejados , aumentam cerca de 20% ou mais da produção .
Alguns itens que devem ser levados em conta :
1) As alterações de queda natural da produção , devido aos hormônios próprios do animal , são intimamente ligados com as condições que o mesmo se insere , a rusticidade ás vezes lembrada do gir se complementa mais com uma pecuária mais rústica , á base de capim , sal mineral e um bom manejo ...dispensando alimentação mais onerosa e cuidados mais intensivos , típico do gado holandês.
2) O custo benéficio é mais evidente em raças que já possuem a produção de leite como o grande diferencial , por mais que muitos contestem , gir é gir e holandesa é holandesa , a não ser que inventem também a aplicação de genes de outra raça ....
3) O hormônio citado , com ótimos resultados em tantas biografias , não é o único que se utiliza , infelizmente há pessoas que possuem um arsenal de muitos outros , e até mesmo gás é utilizado nos úberes ( e tenho certeza que o gás é artificial .....) Me lembro de vaca que morreu durante exposição famosa por esse “turbinamento ” e foi retirada rapidinho pra não causar muito reboliço ...
4) No meu ponto de vista a contribuição genética do gir deve ser a grande variante , principalmente em cruzamentos e daí sim , conseguir animais que tem a finalidade restrita de produzir leite ( o girolando , sem dúvida melhor opção para o país ) . A raça gir é única por muitos aspectos , não entendo a fissura pelo leite ...ainda mais porque definitivamente leite não é o famoso “ouro branco ” citado poeticamente . Isso não significa é claro , que a variante leite não deva ser selecionada , é óbvio que o melhor animal é aquele que reúne o maior número de qualidades ...mas tudo tem seu limite , perfeito mesmo , apenas quem criou esses animais ...
São apenas opiniões , não tenho como objetivo algum ferir as idéias ou métodos utilizados por ninguém , mas sem dúvida o rumo que a raça gir está levando deve ser cada vez mais discutido , em prol do melhor para a raça .

A. André L. Pinheiro disse...

A meu ver, o maior problema é ter que evitar a prenhez da vaca por um período absurdo. Sem um cria por ano (como é o ideal para uma matriz gir), não vejo muita lógica em utilizar esse tipo de recurso que se adequa muito mais à raças européias.

prisma disse...

EXCELENTE, Rafael! Foi objetivo e muito claro. Concordo plenamente com as suas colocações. A expressão "poeticamente" foi muito bem usada. Além do potencial (exponencial) leiteiro do Gir alguns pregam também a popularização do mesmo. Popular é e sempre será o Girolando. Abraços e boas festas a todos!!!