Aqui a raça é pura, sem mistura...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Em favor do Gir

Recentemente li uma matéria no Portal do Gir (http://www.portaldogir.com), escrito por um certo criador que não lembro o nome nem havia anteriormente ouvido a respeito do mesmo.
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No artigo em questão ele dizia categoricamente que Gir Padrão não é produtivo. Dizia que teve uma experiência desastrosa quando tirou leite de um lote de vacas consideradas desta vertente e oriundas de um, segundo ele, tradicional rebanho de Gir, inclusive com histórico de campeão da ExpoZebu.
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Correto. Imagino que tudo isto deve ser verdade, faz sentido. O que não pode ser difundido é a falsa idéia de que todo e qualquer rebanho de Gir que não seja oriundo das marcas CA, Cal, Brasilia, Kubera, e alguns outros também não é leiteiro. Também não se pode, de maneira nenhuma, afirmar que por ser caracterizado e não-filho de touro de sumário, o animal não é Gir Leiteiro.
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Gir Leiteiro é uma caractrística adquirida, regulada pela ABCZ, onde basta a matriz produzir algo em torno de 3.000 kg durante um ano, em controle oficial. A ABCGil faz um trabalho de fomento na produção de leite, muito bem feito por sinal, mas não são apenas os sócios desta entidade que são donos desta vertente, que por sinal não é raça, como tem sido propagado.
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Pois bem, quero com este breve texto, salientar que existem muitos animais Gir Padrão (lê-se Gir dentro do padrão racial, definido baseado em critérios de seleção secular no país e milenar na Índia), produtivos tanto quanto e até mais que muitos outros considerados Leiteiros só por serem oriundos de 3 ou 4 plantéis que dominam o mercado. Isso é fato.
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Eu mesmo, possuo matrizes que beiram 10.000 kg de lactação em um ano, sistema 2 ordenhas/dia, que são totalmente padronizadas. Qual é o motivo disso? Acho que foi o fato de ter selecionado a característica produção de leite ao longo de mais de 70 anos de seleção. E não só leite; precocidade, temperamento, longevidade e por que não caracterização racial? Por acaso é ruim ou "feio" ser bonito? Quero entender o preconceito contra beleza.
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Pois bem, hoje é muito fácil surfar na onda, comprar 2 ou 3 animais caros em leilões e vir falar alto sobre o que é certo ou errado, o que é Gir ou não é. O que é importante ou não. E ainda vir dizer quem são os pilares, que fez o trabalho importante e quem tem garantia de produtividade.
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Por outro lado, venho culpar os criadores que ainda torcem o nariz para provas zootécnicas dizendo que não precisam provar nada pra ninguém, que sabem muito bem que seu gado é produtivo..., pela situação do mercado. Quem não liga pra isso também não quer receita. Não quer ter retorno pelo seu trabalho. Dentro dos criadores de Gir Padrão, temos 2 ou 3 que estão se esforçando pra provar o real valor do Gir Puro, porque nao chamar assim? Puro e leiteiro. E estão se dando bem.
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Enfim, é necessário ter cuidado ao afirmar o que é Leiteiro; não só Sansão, Everest e Benfeitor são... tem muita coisa boa fora disso. E para mudar esta mentalidade, só com trabalho. Se não for por sua causa, faça em favor do Gir.
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Rodrigo Simões

3 comentários:

Estância do Gir disse...

Prezado Rodrigo,

Considero o plantel da Lapa Vermelha um dos mais puros,e caracterizados que conheço.
Não bastasse, o trabalho que
voces vem desenvolvendo em
matéria de seleção tanto em
funcionalidade, como na raça
em si, só não ve quem não
quer. Sou de opinião que não
se faz melhoramento genético
pela metade, ou seja, ou leva
em consideração todos os ítens
que compõe as características
da raça,ou então teremos um
indivíduo analizado apenas
parcialmente.Agora vc. tem razão,
cade a participação dos demais
criadores nesse debate.È aquele negocio, cada um pra si, Deus pra
todos e salve-se quem puder.

Um abraço

Euclides /Estância do Gir

Jorge disse...

Olá Rodrigo!!
Parabéns pelo texto, é claro e objetivo, bateu no ponto chave de tantos textos sem base e parâmetros, digo por mim, lavou a alma de muitos giristas.
Todo GIR tem que ser PURO, com leite, caracterizado e belo.
Como já dizia o imortal poeta,Vinicius de Moraes: "As feias que me perdoem,mas beleza é fundamental."

Nádia Sab
Gir da Americana

Alzeir disse...

Colegas Giristas, bom dia.
Por intermédio da postagem do Rodrigo, fui até o referido artigo, cuja autoria pertence ao nosso par Colombiano Sr. Restrepo.
Em consideração ao lá escrito, é certo que a ciência pode ajudar em quase todas as áreas
da atividade humana. Em umas mais, em outras menos e em algumas, de nada serve.
Em relação às últimas:
- As equações, as médias, os desvios padrão, as altas herdabilidades e principalmente as "MODAS", utilizados como parâmetros na busca frenética por melhoria na produção de leite, é ciência de alto nível, mas deu RGD's de Gir para mestiços.
Portanto, em padrão e beleza raciais - como deseja o Sr. Restrepo - a ciência além de ser inócua, atrapalha.
Fico imaginando a modéstia da Sra. Nádia Sab, que olhando diáriamente as Vacas e os Touros que cria, consegue ainda ter a generosidade de pedir desculpas às feias.
Uma outra constatação que relativiza a condição "sine qua non" da ciência é a produção leiteira no Brasil, pelo menos em sua grande parte.
É corrente que a vaca Girolando é a grande responsável pela renda de quem tira leite. Aqui, uma pergunta: Quais Cientistas, Entidades Científicas ou Técnicos, foram responsáveis pelo surgimento do Gado Girolando?
O Gado Girolando é resultado das observações e trabalho empírico dos Fazendeiros tiradores de leite.
A vaca Girolando é anterior e muito melhor que a Gir Leiteiro, mesmo sem ciência.
O texto do Sr. Restrepo também revela que a importância do Teste lá de Goiás anda sendo muito mal promovida.
Pela relação que informou ter com o coordenador do referido Teste, Dr. Ivan Ledic, deveria saber que lá estão sendo avaliados um bom número de Touros Gir Padrão. Desta maneira, os criadores de Gir Padrão não estão assim tão avessos aos procedimentos acadêmico-científicos.
De resto, falar de gado leiteiro exige alguns "atributos", ao passo que viver de gado leiteiro exige outros.
Tudo de bom e boa sorte a todos.
Alzeir Campanati Antunes.