Aqui a raça é pura, sem mistura...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Assogir

Caros Giristas,

Tenho acompanhado as discussões envolvendo o tema Assogir no Portal do Gir, e venho apresentar meu ponto de vista sobre a situação, pois participei ativamente do processo de renovação da administração da entidade, e estou entre estes tantos diretores que a compõem. 

Primeiramente entendo que o modelo estatutário vigente na associação e a existência da vertente dupla aptidão são os maiores vilões deste caso. O estatuto da Assogir, desde muito tempo centraliza todo o poder no Diretor Presidente e é extremamente protecionista para a Diretoria Executiva, de modo que fica engessada qualquer tentativa de transformação; há também forte aparelhamento de cargos no intuito de acomodar pessoas, somam mais de 40. Acredito que uma gestão será vencedora quando composta por poucos e empenhados, ao contrário de muitos e desmotivados; defendo isso desde a eleição de 2009. 

Além disso, e mais importante está a equívoca existência do julgamento de Dupla Aptidão, particularmente acho que a raça é composta por animais de aptidão leiteira e outros de aptidão de corte/carne, mas querer um animal que seja especialista nos dois tipos é utopia, então vejo a necessidade da extinção desta vertente da raça, transformando os julgamentos em Gir Aptidão Leiteira e Gir Aptidão Carne. 

Com isso, a Assogir teria um novo propósito: defender a raça, seja qual for a vertente selecionada pelo criador, e atuar ativamente em defesa do padrão racial, que não pode ser tratado como um impasse para os criadores e sim como um alicerce nos processos seletivos, afinal caracterização racial e produtividade nunca foram inimigos, embora tenha se vendido esta idéia. 

Então, penso que a entidade precisa não só de uma reformulação, e sim de uma refundação; um novo nome, uma nova marca e um novo Estatuto, moderno e incentivador das práticas de melhoramento genético, que preveja uma Diretoria Executiva enxuta, porém atuante, monitorada por um Conselho Superior, nomeado em Assembléia Geral, e um Conselho Fiscal nomeado pelo Conselho Superior, para que desta forma haja independência entre os poderes e eficiência administrativa. Que este Estatuto especifique detalhadamente as responsabilidades de cada membro da administração. 

Os objetivos também devem estar claros e entre eles devem estar: o respeito e a manutenção do padrão racial, a clara definição e o reconhecimento das aptidões leite e carne e não a existência de uma mista, a aproximação com o Registro Genealógico da ABCZ, e principalmente a expansão e o estreitamento do relacionamento com a GirGoiás, e os programas existentes e a serem desenvolvidos em parceria. 

Vejo ainda a necessidade de valorização dos criadores participantes de provas zootécnicas, com incentivos e privilégios previstos pelo Estatuto, para mostrar a nova identidade e o perfil dos criadores que ali estão representados. 

Sobre a gestão encabeçada pelo José Sab Neto, li muitas críticas e algumas delas são compreensíveis outras motivadas por problemas pessoais, mas acho irresponsável jogar tudo em cima de uma pessoa, todos nós temos uma parcela dessa culpa, que deve ser admitida. Embora tenha havido erros, algumas conquistas tem de ser reconhecidas, entre elas estão os resultados obtidos internamente na ABCZ, que são diretamente responsáveis pelo arrocho no Registro Genealógico recentemente conquistado. 

Para a próxima gestão proponho todas estas mudanças e muitas outras, que espero ter oportunidade de compartilhar no momento oportuno. Existem muitos criadores preparados e dispostos a trabalhar, e acho que ainda podemos fazer muito pelo Gir através desta cinqüentenária entidade, que é pioneira na defesa da raça Gir. Também devemos aprender com gestões bem sucedidas, como a atual administração da GirGoiás, liderada pelo Rosimar Silva que obteve inúmeras conquistas, e a de Silvio Queiroz à frente da ABCGil, que também deve ser considerada vitoriosa. 

Inclusive penso que não há conflito de interesses com a ABCGil, ambas podem exercer importantes papéis pela raça e suas atividades podem ser, inclusive, complementares. Mas para isso deve haver desprendimento de crenças do passado e uma anistia aos erros cometidos, também não deve haver qualquer tipo de rancor ou inveja. 

Recentemente o Gilmar Cordeiro disse uma frase que vale a pena lembrar: "Há vinte anos atrás um celular não fazia falta, hoje é imprescindível, assim também é a seleção do gado, novas tecnologias vieram e são imprescindíveis". Este pensamento deve iluminar alguns criadores que ainda são resistentes a participar das provas de melhoramento das características produtivas de seus respectivos rebanhos, estas provas não irão substituir o olho do criador, mas sem dúvidas serão excelente ferramenta auxiliar para a seleção do gado. 

Termino por aqui, certo de chegaremos ao êxito agora que conhecemos os equívocos cometidos, e tenho certeza que não faltará motivação para reerguer a Associação Brasileira dos Criadores de Gir; de todo o Gir Brasileiro.

Rodrigo Simões

3 comentários:

Unknown disse...

Caro Rodrigo,

Não sou sócio da ASSOGIR, mas como girista acho que esta tradicional entidade pode fazer muito pela raça. E concordo com todas suas idéias expostas.
Agora nesta questão racial, acredito que toda raça necessita de identidade e beleza sempre agrada a todos. Vamos usar como exemplo a raça Holandesa que é a mais produtiva entre as leiteiras, basta olhar um catálogo de touros e ver que suas filhas, tem uma linha de dorso, junto com a inclinação da garupa extremamente retas, características unicamente de estética que nada influi na produção. Por isso acredito que beleza racial só agrega seja para animais especializados em corte ou leite.

prisma disse...

Rodrigo,

Postei o último comentário sobre a essa matéria, no portal Girbrasil e dei por encerrada a minha participação naquele debate.
Apesar de não concordar que houve conquistas, ou, se houve, são muito poucas e insignificantes, venho apresentar o meu TOTAL apoio à sua proposta.

Sobre as questões de padrão racial e características produtivas, etc. bem como a possibilidade de colaboração mútua, ou, simplesmente respeito entre a "Asogir" e a "ABCGIL", concordo plenamente com as suas colocações.

Em relação ao "formato", estatuto da Assogir, o que escreveu é exatamente o que questionei o tempo todo (não se pode dizer que é fruto de problema pessoal)e que está expresso, literalmente, no comentário que "fiz" publicar, hoje, bem como outros assuntos, lá alencados, que são de caráter "social" ou administrativo.

Sinceramente, não consigo identificar a eventual "culpa" dos diretores e associados mas, podemos e devemos ignorar o passado e nos esforçarmos no sentido "positivo".

O exemplo da Girgoiás, não pode ser ignorado. Independentemente de eventuais divergências pessoais, todos, devemos reconhecer as EFETIVAS e significativas conquistas que estão sendo alcançadas por esta instituição. Destacando sempre, o trabalho de uma "equipe", com a participação e esforço de vários (diretores, associados, técnicos, funcionários, etc). Os méritos, não são do "Estatuto".

Me junto a você, Rodrigo, para convocar os colegas da Girgoiás e Assogir, enfim, todos que queiram e possam, a colaborar com as ações e projetos da Girgoiás.

Abraços.

Ramilton.

Anônimo disse...

Grande Rodrigo;
Concordo plenamente que algo deve ser feito pela assogir, sejam alas mudanças estatutárias ou não, mudar a classificação dos animais ao julgamento pode ser uma alternativa, investir mais em marketing, este sim pode ser a grande cartada, pois uma galinha quando bota um ovo ela própria anuncia o ocorrido, mas para isso temos que "botar" esse ovo.
Pode contar com nossa colaboração, principalmente na aptidão corte.
Abraços.