Aqui a raça é pura, sem mistura...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Artigo: Por Euclides O. Marques

São José do Rio Preto, 10 de Fevereiro de 2010.


TESTE DE PROGÊNIE NACIONAL COM TOUROS GIR PO EM VACAS PO.


O avanço proporcionado pela Girgoiás com o Teste de Progênie de touros com linhagens alternativas, é de uma importância sem igual para o melhoramento genético da raça Gir, mas como ela já tem o seu regulamento e critério de seleção dos touros, acredito que a Assogir por ser uma Associação Nacional poderia encampar a idéia e formatar um projeto junto à ABCZ e ao MAPA.

A grande dificuldade de se fazer o teste de progênie de um touro, é sem dúvida alguma, o de se obter planteis que participem do teste com suas matrizes, e dar continuidade na recria, e no controle leiteiro das futuras lactações das vacas.

Se os planteis participantes, oferecer vacas Holandesas puras, ou em ordem decrescente, oferecer animais 7/8, 3/4, 5/8 ou 1/2 sangue, a possibilidade de o touro ter filhas produtivas é muito grande, afinal, as mães são produtivas e colaboram com 50% na genética de suas filhas. Aí fica uma pergunta: foi o touro que transmitiu leite às suas filhas ou as mães que são produtivas? Se introduzisse o mesmo material genético em animais da mesma raça, o índice de produtividade seria igual? Podemos afirmar com toda a segurança que o PTA alcançado pelo touro será igual para todas as matrizes em matéria de produtividade de leite?

È por esta e por outras razões, que entendo que o verdadeiro Teste de Progênie para melhoramento genético do Gir leiteiro, tem que ser feito com Touros Gir PO em matrizes também PO, e aí sim, obtermos o resultado da aprovação ou não do touro. Uma vez provado para leite em animais da mesma raça, ninguém tem dúvidas que este touro serviria para se fazer cruzamento com qualquer outra raça de sangue taurino.

Ao longo dos anos, todo criador soube identificar em seus planteis, qual o touro que transmitiu às suas filhas aptidão leiteira, quais os que transmitiram maior caracterização racial, o que introduziu tamanho ou não, enfim, todo criador sabe do potencial de seus touros, do seu temperamento e dos seus defeitos.

Entendo que o criador que tiver um reprodutor vivo em seu plantel, e que comprovadamente transmite às suas filhas aptidão leiteira e que tenham Controle Leiteiro Oficial pela ABCZ, estaria apto a inscrever o animal para Teste de Progênie, desde que se submetesse às seguintes condições:

1 ) Ser avaliado por uma comissão tríplice de jurados da ABCZ quanto às características raciais definidas pelo Regulamento, não se permitindo animais com defeitos que descaracteriza a raça.

2 ) Ser submetido a todos os exames de sanidade, capacidade reprodutiva e fertilidade, bem como apresentar uma morfologia harmônica.

3 ) Ser homologado pelo MAPA.

4 ) Ter filhas em lactação no plantel de origem de no mínimo 10 animais e com controle leiteiro oficial pela ABCZ.

5 ) Submeter as filhas com controle leiteiro aos exames de DNA e tipagem sanguínea.

6 ) Ser portador do Atestado de Reprodutor Provado com Certificado a ser fornecido pela ABCZ.

7 ) Ter sêmen disponibilizado em Centrais somente após apos todos os procedimentos técnicos, sanitários e comerciais necessários à comercialização de Sêmen do Touro.

Não quero ditar normas, polemizar com outros segmentos envolvidos, enfim, penso que se o que deseja é o melhoramento genético de uma raça, qualquer experimento que se deseja fazer tem que ser com animais da mesma espécie e de contemporâneos, mesmo porque, com animais híbridos o resultado fica completamente distorcido e prejudicado.

Fica a sugestão à Assogir, que com o apoio e supervisão da ABCZ/Embrapa na parceira, apresentar este projeto ao MAPA, no sentido de se obter apoio institucional e tornar oficial o Teste de Progênie com animais única e exclusivamente PO, e que se enquadrassem nas exigências do Teste a serem formuladas.

O critério de seleção dos touros poderia ser estendido aos touros em Testes de Progênie da ABCGIl, da Girgoiás, bem como os de outros programas de melhoramento genético em andamento, desde que aprovados pelos técnicos da ABCZ para fazer parte do programa.

Quando o criador e selecionador escolhe um reprodutor para trabalhar em seu plantel, é porque ele estudou a genética do touro e o seu potencial dentro daquilo que deseja, portanto, a base para a introdução de um touro para teste deve ser as próprias filhas já em controle leiteiro.

De que adianta o proprietário colocar um garrote de 18 meses numa Central sem ter nenhuma filha no próprio plantel, e querer que outros criadores utilizem material genético para testar o seu animal? Só porque é filho de pai e mãe famosos? E quando uma Central adquire em leilão um embrião sexado de macho? Um verdadeiro Mercado Futuro de possíveis reprodutores visando uma reserva de mercado. É comum, vermos nos catálogos das Centrais de 8 a 10 touros filhos de uma mesma vaca. Isto não é melhoramento genético, é continuidade genética e a certeza de uma consangüinidade sem precedentes.

Nenhuma outra raça faz melhoramento genético utilizando o cruzamento como base, e sim, o melhoramento da raça em si em primeiro lugar, para depois propiciar ao mercado livre acasalamento com as demais raças.

Como a raça Gir é a que proporciona maior possibilidade de cruzamento com outras raças, principalmente as de sangue taurino, penso que qualquer melhoramento genético que se queira fazer, primeiro tem que ser com a própria raça, e depois a sua tão conhecida Múltipla Aptidão.

O grande objetivo deste programa, seria o de selecionar touros e matrizes com caracterização e pureza racial incontestáveis, garantindo assim, o melhoramento genético e o futuro da raça para as futuras gerações de criadores.


Euclides Osvaldo Marques
Estância do Gir
São José do Rio Preto-SP

11 comentários:

Rodrigo Simões disse...

Meu caro Euclides,

Obrigado por mais esta valiosa colaboração, você está se tornando um editor oficial do Blog, o que em muito enobrece este humilde canal de comunicação.

O conteudo do artigo é muito interessante e já faz parte de muitas conversas entre técnicos e criadores.

Um bom debate

Estância do Gir disse...

Prezado Rodrigo,

Obrigado eu por vc.editar em seu blog os meus artigos.A intenção
é sugerir algo que contribua para
o melhoramento da raça,sem ter a
intenção de melindrar ninguem.
Agora uma coisa é certa, a Lapa
Vermelha está mostrando um belo
trabalho na seleção de animais
produtivos para leite,e com raça.
Com certeza a Lapa Vermelha teria
tanto machos como fêmeas para os
Testes de Progênie a ser criado.
Gostaria de ter em meu plantel,
material genético dos touros da
seleção Lapa Vermelha, pois o
critério de seleção é criterioso
e de muita qualidade.
Parabens a todos.

Euclides/Estância do Gir

Unknown disse...

O Teste feito pela ABCZ/UNESP já não feito só com animais PO ??

Rodrigo Simões disse...

Sim Cezar, o Sumário de Touros de Aptidão Leiteira da ABCZ/UNESP é baseado nas lactações das vacas Gir-PO.

Porém não se trata de um teste de progenie especificamente; cabe ao criador fazer as pesagens no controle leiteiro oficial para que estes dados sirvam de subsidio pro Sumário.

O problema é que o touro precisa ter filhas com lactações fechadas em pelo menos 3 diferentes fazendas/plantéis. Então apenas touros que tem semen no mercado aparecem por lá.

Eu vejo o Sumário como a ferramenta mais útil e rica que os criadores tem como referencia para genética leiteira.

Deve ser melhor utilizado por nós, por isso eu sempre aconselho os amigos a fazerem controle leiteiro oficial.

Estância do Gir disse...

Prezados Cesar e Rodrigo,

Sinceramente eu não tenho
conhecimento do critério
do Teste de Progênie da
ABCZ/UNESP.Seria importante
tomarmos conhecimento dos
métodos adotados e qual o
critério para seleção dos
touros.
O que sugeri no artigo foi
utilizar touros homologados
pela ABCZ,mas com linhagens alternativas.

Obrigado pela informação.

Euclides/Estância do Gir

Rodrigo Simões disse...

Euclides,

Já escrevi sobre isso aqui no blog, veja:

www.gir-po.blogspot.com/2009/06/importancia-do-sumario-de-touros-da.html

Estância do Gir disse...

Perfeito Rodrigo,

Na realidade o Sumário de
touros ABCZ/UNESP não é um
teste de progênie propriamente dito, e sim,dados das filhas
e sua produção de leite.
Ratifico, que o importante é
selecionar novos touros, porem
submetidos a normas e critérios
rigorosamente pautado na na caracterização racial e aptidão
leiteira.

Euclides

Estância do Gir disse...

Prezados leitores do Blog GIR PO.

No site da abcz em sumário de touros abcz/unesp de 2009, são
163 touros listados,sendo que
a maioria é de touros leiteiros
conhecidos.
São poucos os touros de pureza
racial nacionalmente conhecidos,
e entre eles está o Touro Juruá
A 8416,com 10 filhas em controle
leiteiro em 3 fazendas,e em 140º
lugar.Juruá é filho de Chave de Ouro Neto com 5 filhas tambem em
controle leiteiro.Juruá é pai do touro Juruá B 6468 adquirido do
Sr. Waldomiro Carletto, e de
minha propriedade srvindo o meu
plantel.

Como se ve, touros de raça tbem. dá leite.

Euclides/Estancia do Gir

Unknown disse...

Euclides,

Tenho acompanhado com muita atenção os artigos que vc escreve. Me agradam muito, especialmente pela atualidade das matérias. Destaco a presente edição como brilhante. Num momento onde tanto se fala em teste de progênie, tenho certeza que para atingirmos uma genética superior p/ o leite, esta formula mostra-se ideal. Penso que devemos insistir nesse tema e combater a interferência de políticas alheias, em prejuízo do objetivo principal que é a busca de um melhoramento genético mantendo a pureza nos cruzamentos.

Devemos com firmeza, enfrentar essa nociva conduta de algumas associações, que ora por interesses, ora por vaidades desprezam este importante princípio que é manutenção da pureza racial nos cruzamentos. Ignorar tal elemento, é perder um histórico de trabalho genético dos grandes selecionadores da Raça.

Tenho defendido, nas reuniões que participo que a inobservância desses basilares princípios, resultaram em perda da qualidade genética que todos nós, criadores responsáveis, buscamos. Parabéns, !!! - 13.02.2010 - Nadia Sab.

Estância do Gir disse...

Obrigado Nadia,

Voce,seus irmãos,seus primos e
todos os criadores que souberam selecionar o verdadeiro Gir,sabe
o quanto é difícil possuir um
gado com uma boa linhagem,tipo e
produtivo.De repente,todo este
trabalho dos nossos antepaçados
se ve ameaçado,e o que é pior,
querem impor no mercado animais
que sinceramente não sei como consegue o RGD, homologação no
Mapa,e ainda serem contratados
pelas Centrais como melhoradores
da raça.
Enquanto recebemos anualmente o
Regulamento da Abcz estabelecendo
o Padrão da Raça,o que vemos são animais totalmente em desacordo
com as principais características
da raça.
Para não dizerem que estou na contra mão do mercado,utilizei sêmen de touros que considerei
ser os melhores e o resultado
foi o seguinte:caracterização
racial inferior ao do meu plantel,
mudança de comportamento,tamanho
inferior,chifres com saída a 45°e
quanto ao leite vamos aguardar.
São por estas e outras razões,que
todo criador de gir que queira dar
a sua contribuição para o melhoria
do rebanho nacional tem que dar o
seu apoio a novos projetos.

Um abraço a todos que pactuam com
tais objetivos.

Euclides/Estância do Gir

Alzeir disse...

Colegas Giristas,
Gostaria de apresentar algumas observações à respeito das avaliações da aptidão leiteira de Touros da raça Gir, salientando que são oriundas de um criador e não de um técnico. Portanto, devo pedir licença.
Assim, aqui estão :
1 - O Teste de Progênie da Embrapa e o Sumário da ABCZ têm uma intersecção bastante significativa : Os Touros avaliados.
Boa parte dêles são comuns aos dois projetos,
2 - As matrizes, cujas filhas serão utilizadas para avaliação dos referidos Touros, são da raça Gir no Sumário da ABCZ e de raça não referida no Teste da EMBRAPA,
3 - De acôrdo com dados do último Sumário da ABCZ, 7.054 vacas filhas de 163 Touros, produziram 11.493 lactações, cuja média importou em 2.715Kg, com desvio padrão de 1.104 Kg (40%),
4 - Para os mesmos Touros, os PTAs para produção de leite são geralmente maiores no Sumário da ABCZ, quando comparados com o Teste da Embrapa,
5 - Na Revista da ABCZ de abril/2006 foram publicados os resultados parciais da 2a. Prova Brasileira de Produção Leiteira. Nesta prova, realizada pela FAZU com a colaboração da ABCZ, novilhas Gir Leiteiro, representantes dos mais conceituados plantéis nacionais, tiveram um desempenho bastante modesto. A tal ponto, que até o presente não foi realizada a 3a.,
6 - Em outubro de 2009 a ABCZ, EMBRAPA, EPAMIG e outros, realizaram o Workshop : Programa Nacional de Melhoramento de Bovinos de Leite - Persectivas e Desafios.
Dentre as conclusões, cito duas.
A grande dificuldade em unificar o Sumário da ABCZ com o Teste da Embrapa, além da necessidade de melhorar a alimentação dos bancos de dados da EMBRAPA e adequações no controle leiteiro,
7 - No Manual do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas e PMGZ, recentemente editado pela ABCZ, os Touros LA poderão ser utilizados em acasalamentos, desde que sejam participantes de Teste de Progênie para produção de Leite.
Interpretando tais observações, algumas conclusões poderiam ser consideradas:
1 - Os Touros avaliados possuem desempenho melhor quando suas filhas são o resultado do cruzamento com vacas Gir(PTA's do Sumário ABCZ maiores), porém, quando as filhas dos referidos Touros foram avaliadas na 2a. Prova Brasileira de Produção Leiteira, desencorajaram a continuação da mesma,
2 - Um desvio padrão de 1.104Kg associado à uma lactação média de 2.715Kg, é desconsertante. Tal disparidade aliada à composição da população avaliada (7.054 vacas e 163 Touros), transfere a responsabilidade dos PTA's para as vacas.
3 - Necessidade de adequações no Controle Leiteiro, além de mudanças na coleta e interpretações de dados, refletem a crença dos participantes no Workshop de que os resultados até então obtidos não refletem com exatidão os números avaliados,
4 - Unificar O Teste da EMBRAPA e o Sumário da ABCZ não deveria ser tarefa tão hercúlea, já que avaliam essencialmente fenômenos semelhantes.
5 - Touros participantes dos Testes de Progênie para produção leiteira com a prerrogativa de serem LA, fica aguardando uma explicação lógica.
Talvez recomeçar seja uma possibilidade. O pessoal de Goiás tem esta oportunidade.
Saudações.
Alzeir Campanati Antunes.